Série Projeto: Sonhar e pesquisar é só começar!

Uma das coisas mais divertidas de fazer um projeto é simplesmente pensar a respeito. Infelizmente, apenas pensar sobre um projeto não significa executá-lo e, para que possamos efetivamente arregaçar as mangas, é preciso muito mais do que apenas pensar sobre o barco dos nossos sonhos.

É possível que nessa fase você nem sequer saiba o que ou como seria esse novo barco. Então o jeito mais eficiente de começar é olhando – e eu quero dizer pesquisando muito! – desenhos de barcos já existentes e que te agradem. E as fontes são inúmeras. Um rápido “google” mostra os grandes estaleiros, como Beneteau e Jeanneau, que estão entre os maiores construtores de barcos de lazer do mundo. A partir dos mais óbvios você começa a ver que existem opções menos comuns, mas bem interessantes (e até mais sofisticadas), como o estaleiro Fairlie, inglês, de veleiros inspirados nos grandes clássicos do renomado projetista Willian Fife, ou o sueco Nautor’s Swan, famoso pelas “máquinas” à vela comparáveis em estilo aos carros italianos da marca Ferrari. Vale, claro, conferir os construtores brasileiros, como o estaleiro Delta Yachts.

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Beneteau Sense 50 (créditos para Sunscape Yachting)

Mas pense também que ok, você está olhando para estilo, mas quem constrói estilo não são sempre aqueles que constroem os barcos, mas seus projetistas. Que tal olhar para o portfólio de alguns bem conhecidos? Que tal o famoso projetista brasileiro para construção amadora, Roberto Mesquita Barros, mais conhecido como Cabinho?! E mais, comece a pensar na sua realidade. Pense em começar com pequenos barcos. Os chamados dingues, do inglês dinghies, que são barcos pequenos – entre 4 e 6 metros de comprimento – e que essencialmente fazem você entrar mais em contato com o ambiente, tanto pela sua estabilidade (garantida pelo próprio velejador) como também pela sensibilidade que esse tipo de barco tem em relação ao seu governo – seu leme e suas velas. Nesse caso, o Brasil é campeão em variedade. São muitos tipos de barcos tradicionais das mais diferentes regiões do país, criados para se adaptarem às diferentes condições de trabalho (na pesca) e ambientais do nosso litoral. Alguns exemplos são as jangadas de raíz cearenses e o cúter maranhense. Esses barcos, no entanto, estão desaparecendo, já que formas mais modernas de pesca tornam-se cada vez mais viáveis a essa população e o conhecimento requerido para sua construção torna-se cada dia mais raro. Ainda vamos escrever mais sobre esse assunto aqui no site para você que se interessou pelas embarcações típicas brasileiras.

Para o esporte e recreio, no entanto, de barcos típicos o Brasil não tem (quase) nada. Na primeira metade do século XX foram trazidos ao Brasil – e alguns até construídos por aqui – exemplares de classes monotipo (embarcações de um tipo específico determinado em regra) como o Pinguim, própria para o aprendizado e de fácil construção na época, e o Snipe, um projeto de 1931 de Willian Crosby, só para citar alguns. Mas nada disso se compara às flotilhas já tão bem consolidadas nos Estados Unidos e Europa. Por lá, os tradicionais barcos de serviço, de pesca e transporte de pequeno porte foram adaptados ao uso para o esporte e recreio, tornando-se verdadeiros clássicos. Alguns exemplos são os projetos de Lewis Francis Herreshoff e John Gardner, que criaram versões dos famosos lobster boats – barcos de pesca de lagosta -, whitehalls – típicos barcos de transporte -, dorys – barcos de fundo chato para pesca costeira -, e Phil Bolger, que criou centenas de conceitos inspirados nos tradicionais barcos de serviço americanos.

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Um Whitehall de madeira construído nos EUA (créditos para Cottrell Boatbuilding)

Que tal agora continuar essa pesquisa? Você pode se surpreender com o que vai encontrar por aí. São tantos os conceitos que certamente você vai precisar de um tempo para digerir essa tonelada de informação e de fato conceber uma ideia do que você quer. Não se deixe enganar pelas propagandas. A ideia de escolher um barco se assemelha muito ao exercício de conhecer arte e nós aqui do BRANA vamos falar ainda muito sobre esse grande paralelo, sobretudo se você quer começar a desenvolver novos conceitos. É preciso conhecer muitos trabalhos de diferentes “artistas” para se ter uma ideia do que é a boa arte. Então será esse o nosso primeiro foco: conhecer o que está sendo feito hoje para sermos capazes de construir o que virá no futuro. Certamente você vai pensar em um barco dos sonhos que será só seu. E que terá muito a dizer sobre você mesmo.

Nós estamos aqui para incentivar esse gosto. Se você estiver um pouco perdido, entre em contato conosco que vamos tentar te orientar da melhor forma. Isso é um pouco pessoal, mas é o que mais gostamos de fazer. Fazer as pessoas se apaixonarem por barcos. E este é só o primeiro passo!

Então mãos à obra!

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3 Responses
  1. Erick

    É uma ótima ideia! Seria muito bom criar um tipo de um projeto uma escola de construção naval para jovens e crianças, com aulas de vela e a arte naval.

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